segunda-feira, 15 de abril de 2013

Não por Receio


Escrevo nas paredes. Das estrelas.
Nos seus muros internos onde guardo meus segredos.
Escrevo e não mais os vejo. Não os leio.
Não por receio, mas por desejo.
Há muitas que iluminam o gelo. E à noite.
Há tontas vizinhanças que brilham trêmulas. Bêbadas de vento.
Nos muros dessas algum lamento. E esquecimento.
Escrevo nos seus terrenos de céu. Feitos de azul. E de negro.
Sob os olhares azuis do azul. Debaixo das cismas do breu.
Arado enruga-se o céu que se espreme e até chora. O orvalho.
Sereno todo dia acorda depois que molha e escrevo. Não se morre.
É quando deito exausto. Depois de palavras minhas.
Para que não as leia.


Andrew Kurtis

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